quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Saudações ferroviárias!

O tema deste segundo post é justamente a resposta à pergunta “por que parou no primeiro”? Não parou! Ei-nos aqui para provar; tal qual uma locomotiva, apenas começamos devagar.

Por que tão lento? Numa palavra: olimpíadas.

Os últimos meses foram especialmente laboriosos para os estudantes/falantes de língua chinesa. Nunca tanta gente quis ou necessitou de serviços de ensino, tradução e acompanhamento de delegações; seja de brasileiros na China, seja de chineses no Brasil.

Escrevo do portão de embarque do aeroporto de Guarulhos (SP), enquanto aguardo o vôo que me levará ao Canadá e, em seguida, à China. Vôo mas, houvesse uma ferrovia Transamericana e outra Américo-asiática ali pelo estreito de Bering, deslizaria até Beijing.

Depois das olimpíadas, há muitas possibilidades para o nº 2 da Piuí: Transtibetana (De novo!), Trans-siberiana, Índia... Mas por hora, certeza mesmo é a de tomar um expresso – muito bem acompanhado – de Beijing até Hangzhou, meu novo ancoradouro.

Continua o esforço de reviver o imaginário da ferrovia no coração do brasileiro; um dia poderemos acessar a Amazônia tão fácil como os chineses o fazem até o teto do mundo e os desertos de Xinjiang.

Abraços, pé nos trens, e trens na estrada!

Rodrigo B.

Editor-Chefe

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Nosso humilde manifesto


O viajante de trem não é apressado; trocaria de bom grado algumas horas a menos num ônibus ou outras tantas no avião pela oportunidade de botar a leitura em dia; circular pelos corredores repletos de gente e histórias; trabalhar ou estudar num notebook (de papel ou microchips) para depois, inevitavelmente, cair no sono ao suave balançar do comboio.

O viajante sobre trilhos prefere abdicar do longo caminho ao aeroporto, os procedimentos de check-in e o aperto dos aviões; do sacolejar dos ônibus (encarando o onipresente assento da frente) pelo espaço e avançar macio de um bom trem. Pela oportunidade de mirar de frente uma boa companhia no vagão restaurante.

Romântico? Sim; mas este viajante não precisa mais ser um saudosista: em todo o mundo, novos trens de média e alta velocidade trazem a rapidez necessária no cotidiano, juntando-a com o tradicional prazer de deslizar sobre os trilhos. Estes novos trens nada lembram a decadência a que são insistentemente - e convenientemente - associados no Brasil. A locomotiva do futuro é econômica, veloz, sustentável e segura. Cada vez mais e em mais países.

Num país onde o trem de passageiros foi praticamente erradicado, a PIUÍ tem a pouco modesta pretensão de ser um apito que interromperá, mesmo que por um instante, a doce e longínqua lembrança da Maria-Fumaça. E, com a ajuda de todos os profissionais e amantes da ferrovia, buscará transformar, dormente por dormente, a imagem infantilizada e saudosa do trem num gigante do futuro dos deslocamentos humanos e de carga.

O bonde da história está em movimento. E faremos o que for preciso para não perdê-lo.


Rodrigo Bernardes - Editor-chefe



PIUÍ no Orkut: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=57856033

Movimento dos Sem Trem: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=41547015