Como os franceses, espanhóis, japoneses e coreanos, os chineses entram de vez no páreo, o que promete jogar preços para baixo e o nível de exigência para cima:
Chineses entram na disputa pela construção do Trem-Bala
06/08/2009 - Secretaria de Transportes do Estado do RJ
Depois de reuniões com o Ministério dos Transportes, em Brasília, uma comitiva do alto escalão do Ministério das Ferrovias da China, liderada pelo diretor-geral Wu Wey, chega ao Rio para uma série de reuniões e visitas técnicas nesta quinta-feira (06/08). Eles serão recebidos pelo secretário estadual de Transportes Julio Lopes. Além do trem-bala, principal assunto da agenda dos chineses, as reuniões no Rio também incluirão os investimentos que o estado está fazendo no sistema de trens e metrô, cuja compra de novos carros foi fechada com a China recentemente.
Pela manhã, os chineses se reúnem com o secretário na sede da empresa Asian Trade Link (ATL), de Marco Polo Moreira Leite, responsável pela vinda da comitiva ao Brasil. Em seguida, a comitiva fará uma visita à Supervia, que receberá 30 trens, comprados pelos estado, que serão fabricados na china pelo consórcio chinês National Machinery Import & Export Corporation. Para conhecer o funcionamento do sistema ferroviário do Rio, os chineses farão uma viagem de trem até o Estádio João Havelange, no Engenho de Dentro, onde participam de um passeio guiado.
Na parte da tarde, a comitiva visitará o sistema metroviário, sendo recebida pelo presidente da concessionária MetrôRio, José Gustavo de Souza Costa. A concessionária também fechou com a China a compra de 19 trens, num total de 114 novos carros, para o metrô do Rio. O contrato foi assinado com o governo chinês em recente visita do governador Sergio Cabral ao país asiático. Na ocasião, os fabricantes da Changchum Railway Vehicles (CNR) se comprometeram a entregar os primeiros carros ainda em 2010.
A visita do governador Sérgio Cabral à China no mês de julho foi decisiva para a entrada dos chineses na concorrência pelo trem-bala e selou a vinda do grupo ao Brasil. O país tem larga experiência em construções e fornecimento de tecnologia para sistemas ferroviários. Recentemente, eles venceram licitações na área de ferrovias na Argentina, no Paquistão, na Indonésia e no Irã.
- Sabemos do interesse de empresas espanholas, japonesas, coreanas e francesas em participar do processo licitatório para construção do primeiro Trem de Alta Velocidade do Brasil. Mas a entrada da China, país detentor de grande experiência no setor ferroviário, vem para agregar ainda mais valor ao nosso projeto – comemora o secretário Julio Lopes, que acompanhou o governador na viagem à China.
O projeto brasileiro, que vai interligar São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro com trens em velocidades superiores a 200 km/h, está estimado em R$ 34,626 bilhões, conforme estudo encomendado pelo governo à consultoria britânica Halcrow.
Em Brasília, os chineses se reuniram com o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e com o presidente da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo. Em São Paulo, a agenda é com o secretário de Estado de Transportes, Mauro Arce, e provavelmente com o governador José Serra.
O diretor-presidente da Asian Trade Link (ATL), Marco Polo Moreira Leite, diz que o interesses do chineses pela construção do trem-bala abre novas possibilidades de financiamento ao projeto, devido as reserva trilhonárias da China. De acordo com o empresário, a vitória recente de estatais chinesas para fabricação dos trens e carros de metrô no Rio de Janeiro aguçou o interesse do país asiático no Brasil.
- Os chineses entram no páreo com muito dinheiro para investir, maquinário a preços baixos, tecnologia avançada e mão-de-obra capaz de entregar qualquer encomenda antes do prazo. A chegada deles é motivo para deixar os concorrentes no mínimo preocupados, diz Marco Polo.
De acordo com dados do Ministério das Ferrovias, a China, cuja malha ferroviária totaliza 80 mil quilômetros, tem como meta construir, até 2012, 13 mil quilômetros de linhas de alta velocidade, mais do que todo somatório das linhas de alta velocidade existentes no mundo hoje. Até 2015, os traçados de trem-bala na China devem totalizar 16 mil quilômetros.
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