sexta-feira, 28 de maio de 2010

Comboio-bala

TGV permite poupar € 55 milhões em petróleo

27/05/2010 - Agência Financeira

A introdução da alta velocidade em Portugal permitirá reduzir o consumo de energia primária em 200 mil toneladas equivalentes de petróleo por ano, gerando poupança de, pelo menos, 55 milhões de euros nas importações de produtos petrolíferos em 2020.

Esta é uma das conclusões do estudo "Análise geoestratégica do comboio de Alta Velocidade no contexto dos mercados do petróleo e do carbono", elaborado pelo Centro de Estudos em Economia da Energia dos Transportes e do Ambiente do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), a convite da RAVE - Rede Ferroviária de Alta Velocidade, refere a Lusa.

O objectivo do estudo, que será apresentado na sexta feira, foi quantificar os impactos da alta velocidade ferroviária nos mercados do petróleo e do carbono, bem como na redução das emissões poluentes, explicou à Lusa Álvaro Martins, coordenador da equipa que fez o estudo.

Uma das conclusões do estudo é, segundo Álvaro Martins, "uma redução de consumo de energia primária de 200 mil toneladas equivalentes de petróleo por ano".

"Isto em termos monetários, dependendo dos cenários de preços de energia, estimamos que poderá andar à volta dos 55 milhões de euros a preços de 99 [dólares por barril de petróleo] em 2020, podendo subir até aos 90 milhões de euros em 2040", acrescentou.

Poupança pode chegar aos 1.700 milhões até 2040

O responsável pelo estudo salientou o facto de, em termos acumulados, esta poupança, que tem por base um cenário moderado de evolução de preços, poder chegar aos 1.700 milhões de euros no período entre 2013 e 2040.

No que respeita à emissão de gases com efeitos estufa, o estudo aponta para "uma redução de emissões de 480 mil toneladas de CO2", que poderá originar "uma poupança que pode variar entre nove milhões de euros (se avaliarmos o CO2 a 30 euros por tonelada) e 40 milhões de euros/ano (se avaliarmos a 100 euros por tonelada)".

"O que há que reter é que a poupança acumulada entre 2010 e 2040 poderá variar entre os 300 e os 900 milhões", sublinhou.

Álvaro Martins explicou que o estudo tem por base a construção das três linhas de alta velocidade (Lisboa-Porto, Lisboa-Madrid e Porto-Vigo) no calendário inicial, ou seja, não tem em conta os adiamentos anunciados este ano pelo Governo. "Os adiamentos alteram os pressupostos, logo alteram os resultados", concluiu.


domingo, 23 de maio de 2010

Muito elucidativo...!

Por que o Brasil não produz trilhos?

11/05/2010 - Webtranspo

Os investimentos programados para o setor ferroviário prometem dar um novo fôlego aos sistemas de transporte de cargas e passageiros sobre trilhos em território brasileiro. Estimativas preveem que, até 2014, poderão ser investidos nas ferrovias brasileiras R$ 71 bilhões, 270% mais que o investido de 2004 a 2008.

Prova de que o setor está aquecido é o fato de que para este ano está prevista a produção de 2.500 vagões, contra 1.022 em 2009; entre 500 a 550 carros de passageiros serão fabricados neste ano, enquanto em 2009 o volume foi de 438. E no que se refere a locomotivas, entre 60 a 70 sairão das fábricas; no ano anterior, apenas 22 foram fabricadas, segundo dados da Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária).

Em contrapartida, mesmo com tantos recursos sendo alocados para este segmento da economia o Brasil continua importando os trilhos utilizados nestes projetos. Porém, recentemente, Mirian Belchior, subchefe de articulação e monitoramento da Casa Civil, destacou que o “País tem que começar a produzir trilhos de trem e parar de trazer este produto de outros países”.

Segundo ela, essa retomada na produção é uma determinação do presidente Lula, que considera um absurdo o Brasil ter de importar trilhos. Para se ter uma ideia, a aquisição deste tipo de produto fechou 2008 com um recorde: 170 milhões de dólares, valor mais de sete vezes acima do registrado em 1997.

E a probabilidade é que este número continue crescendo. De acordo com o PNLT (Plano Nacional de Logística e Transportes), criado pelo Ministério dos Transportes, a meta é incluir na rede ferroviária quase 20 mil quilômetros de novos trilhos até 2025.

“Antes, somente se importava para reposição. Agora, há tanta demanda que é possível que as empresas voltem a se interessar por fabricar trilhos no Brasil”, argumenta Welber Barral, secretário de comércio exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Vicente Abate, presidente da Abifer, aponta que a retomada da produção destes produtos seria muito positiva para o País. “Haveria geração de empregos e dependeríamos menos de empresas estrangeiras”, aponta.

Procurado pela reportagem, o IABr (Instituto Aço Brasil) – entidade que reúne empresas com potencial para a produção de trilhos: as siderúrgicas – afirma que o País ainda não possui demanda que justifica a retomada deste tipo de fabricação.

“Até 1996, a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) manteve laminador para produção de trilho ferroviário. A produção foi descontinuada porque não havia procura que justificasse sua manutenção”, afirma a entidade por meio de posicionamento enviado por sua assessoria de imprensa.

E finaliza: “a capacidade miníma para implantação de um laminador deste tipo é da ordem de 500 mil toneladas. Hoje, o Brasil ainda não tem mercado suficiente que justifique investimentos em um novo laminador para produção de trilho ferroviário”.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Mais integração; menos carbono

VLT vai retirar 1/4 dos ônibus do litoral SP

09/05/2010 - Folha de S.Paulo

O governo de São Paulo criou um projeto de uma nova rede de transportes para a Baixada Santista baseado em um sistema de VLT (veículo leve sobre trilhos). Integrada a ciclovias, a nova linha vai tirar um de cada quatro ônibus de circulação, em nove cidades da região.

A primeira fase, segundo a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), deve ser licitada até julho. Ela vai contemplar o VLT entre o terminal do porto de Santos e a região dos Barreiros, em São Vicente. A linha contornará a faixa do litoral entre as duas maiores cidades da Baixada Santista em parte da área ocupada pelos trens da CPTM.

São 16 novas estações, sempre a 800 metros de distância uma da outra. O usuário vai pagar a tarifa antes de embarcar. O VLT terá pontos de transferências, na primeira etapa, nos Barreiros, no terminal São Vicente e na estação Conselheiro Nébias, em Santos.

As previsões da Secretaria dos Transportes Metropolitanos são que o sistema reduza o tempo médio de viagens de 50 min para 33 min. A integração elimina 25 linhas de ônibus, cria seis e afeta mais 16 --outras 20 seguem inalteradas.

O orçamento previsto é de R$ 688 milhões, sendo R$ 402 milhões no VLT e R$ 286 milhões na renovação e modernização da frota de ônibus. Não há previsão de mudanças na estrutura de tarifas atuais.

O presidente da associação que reúne engenheiros e arquitetos de metrô, José Geraldo Baião, diz que esse tipo de projeto é importante porque reestrutura o transporte local.

"O importante é termos projetos que integrem os demais meios de transporte e que tenham alcance entre as regiões metropolitanas", diz.

O projeto será pago pelo governo, que, após as obras, vai repassar o sistema a concessionárias, um contrato de 25 anos, incluindo os ônibus intermunicipais e o VLT. No período, o projeto vai movimentar R$ 4,67 bilhões. O contrato deve ser assinado no segundo semestre, segundo o governo.

O projeto tenta incorporar à rede de coletivos os usuários de bicicletas, que são milhares nas ruas planas do litoral paulista.

A ciclovia, com um traçado perimetral segundo o plano, corre ao longo da futura linha do VLT, no canteiro central da faixa de domínio da CPTM.

sábado, 1 de maio de 2010

Tom Zé - A Volta do Trem das Onze


Na genial "A volta do Trem das 11", Tom Zé ironiza a idéia (ainda!) corrente de que trem é bom para a carga; como se o transporte de passageiros não fosse logística, desenvolvimento. Soja, ferro, "uva", "...e até a uva da Inês precisa de um trem pra carregar ela", provoca o músico, como que dizendo; também somos carga valiosa.

Enquanto sacolejamos em ônibus ou exprememo-nos em aviões, a soja, o milho, o minério de ferro vão ganhando espaço. Oxalá seja um primeiro passo e que nós, seres pensantes, não hesitemos em dar um segundo:

Rodoviários querem mudança na matriz

Revista Ferroviária

29/04/2010

"Ver hoje o transporte rodoviário de carga com participação de 60 % na matriz de transporte é ruim. Melhor seria uma participação menor num país mais desenvolvido e com mais transporte ferroviário e marítimo". A frase é do presidente da Federação de Transportes do Espírito Santo, Wagner Chieppe, um dos maiores empresários de transporte rodoviário do País, diretor do Grupo Águia Branca, que controla a Trip Linha Aéreas, a Viação Águia Branca e a transportadora de automóveis Autoport, entre outras empresas.

Chieppe foi entusiasticamente aplaudido pela platéia de funcionários da Vale, FCA, MRS e outras operadoras, presentes ao II Encontro de Ferrovias, promovido pela ANTF, na sede da EF Vitória a Minas. Presente também o ministro dos Transportes, Paulo Sergio Passos, que exibiu uma transparência mostrando que, até 2025, a ferrovia deve ultrapassar a rodovia na matriz de transportes, alcançando 35 % do total transportado, contra 30 % da rodovia. Em 2005, segundo os dados do ministro, os percentuais eram 25 % e 58 %, respectivamente.

Na mesa de abertura estava também o presidente da ANTF, Marcelo Spinelli, que voltou a alertar para a escassez aguda de mão de obra especializada para o setor. "Sem profissionais não vamos conseguir fazer nosso trabalho nem alcançar nossas metas". E o presidente da MRS, Eduardo Parente, para quem o maior sinal da evolução do transporte ferroviário nos últimos anos foi o crescimento do direito de passagem (que permite a uma ferrovia trafegar nas linhas da outra): "Embora o aumento no volume de carga entre 2007 e 2009 não tenha ido mais do que 10 % no conjunto das ferrovias, devido à crise do ano passado, o aumento no direito de passagem subiu mais de 50 %", celebrou ele.

TAV x TCU

Na ocasião, o ministro Paulo Sérgio reafirmou que o projeto do TAV continua sendo prioritário para o governo, apesar da demora na publicação do edital: "Negociamos intensamente com os japoneses, franceses, alemães, coreanos e chineses, a ajustamos a modelagem até onde podíamos ajustar. Agora estamos dependendo exclusivamente do TCU -- afirmou. Assim que eles liberarem, nós botamos na rua."

Hoje estava previsto que o plenário do TCU -- que se reúne às quartas -- aprovaria o edital, mas o assunto não entrou em pauta.